Você sabia que hoje, 31 de outubro, é o Dia da Reforma Protestante?

Você sabia que hoje, 31 de outubro, é o Dia da Reforma Protestante? Apesar de o mundo tentar apagar esta data trocando pelo dia das bruxas, muitos evangélicos ainda se lembram e celebram este dia que foi um marco na história mundial.

Texto Bíblico: Rm. 1:16-17 - 16 Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. 17 Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.

Esse texto foi fundamental para que surgisse a Reforma Protestante no Século XVI. Quando Martinho Lutero leu essa passagem das Escrituras foi convencido de que a nossa justificação não se dá através das boas obras, mas através da fé. A Reforma Protestante foi um termo pejorativo empregado pelos católicos romanos àqueles que protestaram contra o sistema religioso da época, mas esse termo foi assimilado e usado a partir do século XVI até aos nossos dias para designar os grandes fatos vividos pelos que desejavam e desejam pautar sua vida religiosa segundo a Bíblia.

O QUE É A REFORMA PROTESTANTE?

Dependendo do ponto de vista, poderíamos ter vários conceitos. No entanto, eu considero a Reforma como um movimento de retorno aos padrões bíblicos do Novo Testamento. Isso expressa a realidade da "Reforma Protestante". Tudo que se fez tinha a finalidade de levar as pessoas a se aproximarem de Deus através de um relacionamento profundo com Ele.

POR QUE COMEMORAMOS HOJE (31 OUT.) O DIA DA REFORMA PROTESTANTE?

Para fins históricos, o movimento denominado Reforma Protestante, teve seu início em 31 de outubro de 1517 (493 anos atrás), quando o monge Martinho Lutero, num ato de ousadia e coragem, fixou na porta da Catedral de Wittenberg, 95 teses. O conteúdo, em síntese, apresentava severas críticas ao modelo teológico e eclesiológico da Igreja Católica Apostólica Romana.

Do ponto de vista teológico, a REFORMA teve sua origem em algumas verdades bíblicas que haviam sido sepultadas. Quando essas verdades foram trazidas novamente à tona por meio de corajosos líderes espirituais, afirmou-se que aí começou a reforma protestante.

A atitude de LUTERO lhe causou grandes desconfortos, mas trouxe grandes luzes para a história da humanidade. O mundo não foi mais o mesmo depois da Reforma Protestante do século XVI.

Lutero não foi o único e nem o mais importante personagem do movimento, mas, sem dúvida alguma, sua atitude arrojada foi poderoso instrumento para se operar a transformação.

A faísca para a eclosão desse movimento veio em 1517, ocasião em que um frade dominicano Johann Tetzel fora recrutado para pregar em vários territórios episcopais, promovendo e vendendo indulgências (clemência, misericórdia; Tolerância, benevolência; Remição das penas; perdão), com o objetivo de financiar as reformas da Basílica de São Pedro, em Roma.

A VENDA DAS INDULGÊNCIAS se dava através do pagamento de um valor estabelecido, pelo qual o fiel recebia um documento assegurando a salvação dele ou de seu parente. Essa prática se torna mais que chocante, até mesmo ofensiva para Lutero, em razão de toda a teologia que aprendeu e viveu em sua formação agostiniana. Era um abuso que precisava ser corrigido.

O dia 31 de outubro de 1517, era véspera do dia de "todos os santos", quando milhares de peregrinos afluíam para Wittenberg para a comemoração do feriado do "dia todos os santos e finados", 01 e 02 de novembro. Por isso a redação de suas teses, debatidas com seus alunos, e divulgadas na porta da Igreja do Castelo, em razão das missas dos dias 1º e 2 de novembro, freqüentadas pelo alto clero e a nobreza. Lutero aproveitou a oportunidade e, através de suas teses, combatia as indulgências que eram vendidas por João Tetzel com a falsa promessa de muitos benefícios. Ele dizia que, se alguém comprasse uma indulgência para um parente falecido, "no momento em que a moeda tocasse no fundo do cofre a alma saltava do inferno e ia direto para o céu". 

A Reforma protestante, então, ganha força na Alemanha, em 1517, com a publicação dessas 95 Teses, recomendando que a religião se mantivesse fiel à fé individual baseada UNICAMENTE na Bíblia. O imperador Carlos V, os príncipes alemães e eclesiásticos reuniram-se, em 1521, na Dieta de Worms, e convidaram Lutero a se retratar, mas Lutero negou-se e foi declarado fora da lei.

A Reforma aconteceu na Alemanha, mas logo, se espalhou para outros países como Inglaterra, Suíça, França, Escócia, etc. Em cada país podemos destacar um líder que levou avante este movimento.

REFORMADORES

•1.        Na Alemanha, Martinho Lutero (1483/1546): Convencido de haver uma distorção no ensino da doutrina da Justificação pela fé, LUTERO passou a ensinar que a Salvação era concedida por Deus:

•a)     apenas por sua graça (sola Gratia),

•b)    a partir da fé (sola Fides)

•c)     em Jesus Cristo (solus Christus),

•d)    conforme anunciado pelas Escrituras Sagradas (sola Scriptura).

Algumas Informações sobre LUTERO:

•a)     Nasceu na cidade Eisleben, em 10 de Novembro de 1483.

•b)    Veio de uma família humilde, seus pais Hans Luther e sua mãe Margarete Ziegler Luther eram camponeses.

•c)     Teve uma próspera carreira acadêmica: foi ordenado sacerdote em 1507, entrando na ordem agostiniana; estudou filosofia na Universidade de Erfurt; doutorou-se em teologia e lecionou como professor em Wittemberg. Também recebeu o grau de mestre em artes.

•d)    Lutero deixou oficialmente a igreja romana em 1521.

•e)     Uma vez reformada no pensamento de Lutero, a Igreja do Senhor Jesus deveria sempre viver em constante reforma, lutando contra tudo que não seja fiel a fé que deve ser baseada tão-somente nas Escrituras.

•2.        Na Suíça, Huldreich Zwínglio (1484/ 1531) e João Calvino (1509/1564):

•a)     Nasceu em 1484 no povoado de Wildhaus, da família de fazendeiros.

•b)    Zwinglio, recebeu o grau de bacharel em artes estudando nas Universidades de Viena e Basiléia.

•c)     Antes disso, havia se tornado sacerdote católico onde Glarus foi sua primeira paróquia.

•d)    Por volta de 1519, já sob a influência dos escritos de Erasmo e Lutero, começou a pregar em Zurique, contra certos abusos da Igreja Católica e logo em seguida a deixou, convertendo-se.

•3.        João Calvino:

•a)     Nasceu em 1509 na cidade francesa de Nóyon na Picardia.

•b)    Seu pai era cidadão abastado e por isso se valeu do benefício de estudar na Universidade de Paris.

•c)     Depois foi estudar advocacia na Universidade de Orleans e em Bourgs.

•d)    Calvino converteu-se às idéias reformadas em 1533.

•e)     Foi forçado a abandonar a França por colaborar com a reforma, instalando-se em Basiléia onde terminou sua obra "As Institutas da Religião Cristã".

•4.        Na Escócia João Knox: (1515-72):

•a)     Cerca de 1540, começou a pregar idéias da Reforma.

•b)    Em 1547 foi preso pelo exercito Francês e mandado para a França.

•c)     Passou por Genebra onde absorveu de modo completo a doutrina de Calvino.

•d)    Em 1559 voltou a Escócia para liderar um movimento de Reforma Nacional.

TRÊS PILARES DA REFORMA

É bom trazermos à memória os três pilares da Reforma Protestante, deflagrada por Lutero, ao convidar para um debate em torno de um documento que preparou a partir da revelação bíblica e que ficou conhecido como as "95 Teses".

Espalhadas pelas obras de Lutero, estão as três idéias-forças do protestantismo: sola fide, sola scriptura e solus christus.

•1.        SOLA FIDE (somente pela fé):

A salvação se dá somente pela fé em Jesus Cristo como Salvador - A única ação humana é responder, pela fé, ao oferecimento feito por Cristo na cruz, ao se entregar para morrer em nosso lugar. As demais ações (obras) não justificam (isto é: não tornam uma pessoa justa, perdoando os seus pecados), embora devam estar presentes na vida de uma pessoa salva por meio da fé.

•2.        SOLA SCRIPTURA (somente a Bíblia):

A Bíblia contém todo o conselho de Deus para o pensamento e para a vida do cristão - É por meio dela que Deus orienta o ser humano em todas as áreas, com princípios e normas. Deve ser recebida como regra de fé e prática. Ela está acima da tradição e de toda a autoridade religiosa, que devem falar autorizadas pela Bíblia (2 Tm. 3.16). Como a sua produção se deu num tempo muito antigo, além de lermos livremente a Bíblia, devemos interpretá-la com o uso da razão, o que nos leva a compreender o contexto de cada passagem para aplicá-la adequadamente aos nossos dias. O primeiro princípio nesta interpretação é que a Bíblia, inspirada por uma única mente (a mente de Deus), não se contradiz.

•3.        SOLUS CHRISTUS (somente Jesus):

Não há nenhum mediador entre Deus e o homem, seja para a salvação, seja para a intercessão, além de Jesus (1 Tm. 2.5) - Cada crente é o seu próprio ministro, tanto para orar por si mesmo e pelos outros, quanto para fazer a obra do ministério (1 Pe. 2.9). O sacerdócio universal dos crentes implica que na igreja não há pessoas especiais. Aquelas que são revestidas de um papel de liderança não são especiais. Para edificarem a igreja, receberam dons, que todos recebem, embora em áreas diferentes.

DISSO DECORRE AS PRINCIPAIS DOUTRINAS DEFENDIDAS POR LUTERO?

•1.        Justificação pela fé - Baseado nos ensinos de Paulo, ele ensinava que o homem não é justificado pelas suas obras, mas pela fé em Jesus Cristo.

•2.        A infalibilidade da Bíblia - Ele considera a Bíblia infalível e acima de toda e qualquer tradição religiosa. Enquanto a Igreja Católica Romana defendia a idéia de que o papa era infalível e a Bíblia era sujeita à sua interpretação, Lutero afirmava que A Bíblia estava acima do papa, pois ela é a Palavra de Deus inspirada pelo Espírito Santo.

•3.        Sacerdócio de todos os crentes - Lutero nega o conceito que afirmava ter o papa poderes sobrenaturais como intermediário entre o povo e Deus. Ele defende a idéia de que todo crente é um sacerdote e tem livre acesso à presença de Deus. Não precisamos de um intermediário, o único intermediário entre o homem e Deus é o Senhor Jesus Cristo.

LUTERO FOI VITORIOSO?

Sim. Apesar das tentativas para condenarem Lutero, o papa e o Imperador Carlos V não conseguiram. Quando foi convocado a comparecer ao concílio diante do imperador, ele expressou-se destemidamente da seguinte forma: "É impossível retratar-me, a não ser que me provem que estou laborando em erro, pelo testemunho das Escrituras ou por uma razão evidente. Não posso confiar nas decisões de concílios e de Papas, pois é evidente que eles não somente têm errado, mas se têm contraditado uns aos outros. Minha consciência está alicerçada na Palavra de Deus. Assim Deus me ajude. Amém".

Uma das expressões mais profundas do sentimento de Lutero está no hino Castelo Forte que diz: "Que a Palavra ficará, sabemos com certeza, e nada nos assustará, com Cristo por defesa; se temos de perder os filhos bens, mulher, embora a vida vá, por nós Jesus está, e dar-nos-á seu Reino".

CONCLUSÃO:

Curioso de tudo é que HOJE (quase 500 anos depois) alguns segmentos evangélicos cometem os mesmos erros combatidos pela Reforma Protestante.

• Þ A crítica feita à exploração do misticismo parece ter sido esquecida hoje.
• Þ Uma tentativa de volta ao judaísmo, utilizandose de festas e eventos que tiveram seu momento na história do povo judeu, tem sido alardeada aqui e ali.
• Þ Viagens a Israel e visitas a lugares onde Jesus passou para receber bênção especial (muitos realizam batismo no Rio Jordão como se a água fosse mais purificada, esquecendo-se do filósofo que disse "ninguém toma banho no mesmo rio").
• Þ Óleo ungido, portais da bênção, os 318 de Abraão, paletós que abençoam, dentes de ouro, sal grosso que abençoa e outras aberrações desafiam os evangélicos a uma nova Reforma.

É bem verdade que a nossa igreja, HOJE, não é uma cópia exata daquela igreja reformada. Aquela igreja reformada ainda manteve pontos como resquícios do catolicismo (batismo e ceia como sacramentos, pedobatismo ou batismo infantil, governo episcopal). Mas, por outro lado, sem nenhum compromisso com nenhum dos reformadores, temos compromisso com três ênfases que eles deram: SOLA FIDE, SOLA GRATIA, SOLA SCRIPTURA (somente a fé, somente a graça e somente a escritura). Nada deve nos afastar dessas ênfases e, como Lutero, ainda que nos seja imposto retratar-se, como desejava o clero romano, declaremos: "Permaneço firme na minha decisão. A menos que me convençam do meu erro pelas Escrituras".

Que os salvos e perdidos ouçam de nós: "Somente a fé (nada de amuletos), Somente a graça (nada de obras) e Somente a Escritura (nada de tradição e dogma)".

Esta é, sem dúvida, a maior homenagem que fazemos à Reforma e aos reformadores.

Pr. DENIVAN SILVEIRA DE OLIVEIRA