sábado, 13 de fevereiro de 2010

Política Internacional: Amizade ou Interesse?

Já se disse, com propriedade, que os países não têm amizades, têm interesses. Creio que o mesmo pode ser dito de qualquer organização humana. Ou que o inimigo de hoje pode ser o aliado de amanhã, e vice-versa. É interessante notar o discurso contra a proliferação de armas nucleares, e as sansões que devem ser impostas aos Estados que enriquecerem urânio com essa finalidade. Quem chefia a campanha? Os sem armas nucleares? Os que estão com armas nucleares e pretendem destruí-las, até que o mundo fique livre de sua ameaça? Ledo engano. Quem é contra a proliferação é quem já tem e quer continuar tendo, pois as ter é poder. O clássico “faça o que eu digo, não o que eu faço”.

Muitas das intervenções militares feitas pelo império “benevolente” são acompanhadas de um punhado de soldados das nações “aliadas”, para dar uma fachada de legitimidade e multilateralismo.

A Arábia Saudita, o Kuwait, os Emirados Árabes são monarquias absolutas totalmente repressivas, sem Estado de Direito, liberdades públicas ou direitos individuais, mas o monopólio do poder repressivo nas mãos de uma família e de um clero. Mas, como elas são “aliadas” são tiranas boazinhas (menos para os que gemem nos cárceres), e os governos e a imprensa não dão um ‘piu’ contra essas tiranias. Mas, quando se trata de uns caras igualmente tiranos, mas “não-aliados”, como a República Islâmica do Irã, por exemplo, cacete neles, demonizados. Quanta hipocrisia! E a galera engolindo a manipulação, com raiva dos translocados do Irã e sorrindo abestalhada para os tiranos “amigos”.

Alguém já ouviu falar no Presidente do Egito, Hosni Mubarak, que está no poder “reeleito” ininterruptamente, por 30 anos, com a imprensa totalmente amordaçada, os partidos políticos inexistentes, e a tortura comendo solta nas prisões? Pois bem, esse sujeito é respeitosamente tratado como “Presidente”, e ninguém o demoniza, porque ele é “um dos nossos”.

Já quanto a Chávez, da Venezuela, com todos os seus defeitos, com uma Constituição em vigência, partidos políticos funcionando, com parte da imprensa o atacando impiedosamente, que sofreu uma tentativa de Golpe de Estado (chegando a ser preso) com o apoio de parte dos militares, as oligarquias, a hierarquia católico-romana e a embaixada do império, que sua maioria política é fruto da burrice da oposição em não disputar as últimas eleições. Pois bem, ao contrário de Mubarak, a imprensa não o trata mais como “Presidente”, mas como “Ditador”. Junto de Mubarak, Hugo Chávez é um escoteiro, mas... não é “um dos nossos” e deve ser destruído, não pelo que é, mas por representar a tese que se pode ter modelos alternativos e soberanos no mundo. A questão não é o modelo (questionável) de Chávez, mas a possibilidade de quebra do monopólio de poder e de modelo.

Uribe, Presidente da Colômbia, fez passar uma lei autorizando a sua segunda reeleição. Pálidos comentários. Uribe é “um dos nossos”. Aliás, quem incentivou esse negócio de reeleição (que não havia) de governantes na América Latina foi o próprio império, para manter “os nossos”, sem riscos de “aventureiros irresponsáveis”. Dentre “os nossos” estava Fujimori, Menem e FHC...

E assim caminha a humanidade, manipulada, e muita gente que tem medo da verdade ou do sofrimento e riscos que isso implicaria para suas vidas, vivendo sob a máxima “me engana, que eu gosto”.

Abre os olhos Povo de Deus!

Paripueira (AL), 13 de fevereiro de 2010,
 Anno Domini.
+Dom Robinson Cavalcanti, ose
Bispo Diocesano
         
                                   REVERENDO SAMPAIO.

 

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