segunda-feira, 1 de março de 2010

Afirmando o Reino de Deus

Os santos e piedosos discípulos de Jesus Cristo, nesse tempo de Quaresma, reafirmam o Reino de Deus.  Cremos que Deus é o Criador de tudo e de todos, e sobre tudo e todos exerce a sua Soberania, o seu Senhorio, a sua Providência, o seu Reino. Há várias dimensões desse Reino:

  1. Há uma Dimensão Cósmica: Deus sustenta e rege o universo por Ele criado, com suas inumeráveis galáxias, planetas e satélites, inclusive essa terra, que é o nosso lar. Esse cosmos não surgiu do acaso, nem se mantém pelo acaso, mas sobre ele o seu Criador reina;

  1. Há uma Dimensão Histórica. Entre o reinado perfeito no Éden e o reinado perfeito na Nova Jerusalém, Deus dirige os destinos dos povos, mesmo tendo que lidar com as realidades provisórias de satanás e do pecado. A História parece não ter lógica, parece estar à deriva, mas ela vai se tornando um cemitério de impérios e um museu de tiranos, com Deus abatendo os exaltados exaltando os abatidos. No meio da História não está apenas a Graça Comum e a Providência, mas a presença das Alianças com Israel e com a Igreja, por meio das quais vai operando a restauração de todas as coisas;

  1. Há uma Dimensão Eclesiástica: Após o Pentecostes, Deus reina, de modo particular, sobre a sua Igreja, Povo da Nova Aliança, presença, ensaio e vanguarda do seu Reino, sobre ela recaindo bênçãos e disciplinas, em razão da sua obediência ou desobediência, mas o Espírito Santo derramado potencializa mais do Reino;

  1. Há uma Dimensão Individual: os salvos saem do reino das trevas para o reino da luz, do príncipe desse mundo para o Rei dos reis, Jesus. O processo necessário, inevitável e contínuo de santificação nada mais é do que a Soberania do Rei sobre as vidas, que passam a se pautar pelas Leis do Reino, e a fazer uma diferença como sal e luz;

  1. Há uma Dimensão Ética. O reino de Deus não somente é uma afirmação e prática de valores, no lugar de antivalores, ao nível do indivíduo e sua microrrelações (família, vizinhança, trabalho, lazer), mas nas macrorrelações e macroinstituições. Os cidadãos da Cidade de Deus impactam a Cidade dos Homens, confrontando os antivalores, chamando a um arrependimento e mudança, e afirmando valores, mesmo que pague um preço por isso. O Reino de Deus é Justiça e Paz, nos ensina o profeta.

Quanto da falta de paz e da falta de justiça, nesse mundo e em nosso país, não devem ser debitados à falta de visão e obediência dos cristãos, na falta de exercício de uma cidadania responsável, como parte essencial da sua missão histórica? O Reino de Deus não equivale a nenhum regime político, país, ideologia ou modo de produção, mas se deve combater os sinais do antireino em todos eles, confrontando-os com os valores do Reino a serem promovidos.

Vivemos a consolação da realidade de que o Reino já veio e está no meio de nós.

Vivemos a esperança escatológica da plenitude do Reino, e vivemos o presente da oração: “venha o Teu Reino", sobre nossas vidas e por meio das nossas vidas, para que a vontade d’Ele seja feita, “assim na terra como no céu”.

No céu Ele garante; na terra é a nossa tarefa.

Que esse tempo de Quaresma seja um tempo de consciência sobre o Reino e de compromisso com a sua promoção.
Olinda (PE), 28 de fevereiro de 2010,
Anno Domini.
+Dom Robinson Cavalcanti, ose
Bispo Diocesano

                                   REVERENDO SAMPAIO.

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