domingo, 31 de janeiro de 2010

Eleições 2010: Entre Seis e Meia Dúzia?

Alguém já disse que a diferença entre o Partido Democrático e o Partido Republicano nos Estados Unidos é semelhante à diferença entre o sabor de Coca-Cola e de Pepsi-Cola: há discretas nuances, mas ambas são Cola. Ao contrário da Europa, onde, por muito tempo, conservadores, liberais, democrata-cristãos, trabalhistas, sociais-democratas, socialistas e comunistas mantiveram a História aberta, no Tio Sam o pacto capitalista permite disputas de personalidades e estilos e de como melhor gerir o modelo, mas não se pode questionar o modelo. As dezenas de partidos alternativos são sem expressão nem chance, meros figurantes.

O PT e o PSDB estão caminhando para se tornar as duas faces da mesma moeda no monopólio do poder forçadamente consensual no Brasil. Cresci no tempo da UDN, do PSD e do PTB, com uma dúzia de outros partidos com alguma ênfase ideológica, com expressão local, ou apenas “fisiológicos”.

Não podemos nos esquecer que nos tornamos independentes com um grito de um príncipe português, abolimos a escravidão com uma canetada de uma princesa, proclamamos a República com um grito de um marechal monarquista, alternamos as oligarquias do café e do leite, de onde saiu o líder da nossa revolução burguesa, que dá um “auto-golpe” e instaura um Estado nada novo, é derrubado por seus próprios generais, é “exilado” em sua fazenda, de onde regressa “nos braços do povo”.

Tivemos uma ditadura para “salvar a democracia”, que termina em uma votação indireta, e uma bactéria impatriótica coloca para liderar a transição democrática alguém comprometido com o antigo (e com todos) regime. Um intelectual de esquerda e exilado político nos manda esquecer o que escreveu, segue o receituário dos homens e sucateia o Estado. O ex-operário, com a Carta ao Povo (banqueiros) Brasileiro nos manda esquecer o passado, as lutas e as bandeiras do seu partido, e os banqueiros engordam, a classe media é enganada com quinquilharias e o povo vê a estatização do clientelismo.

Tome propaganda e tome demagogia, com a “mosca azul” (expressão do frei Beto, substituído pelo “bispo” Crivela) acomodando a liderança sindical (neo-peleguismo da CUT) nas tetas do poder, enquanto os movimentos sociais são cooptados, enrolados ou criminalizados. Os acordos das elites, "pelo alto" prosseguem. E o povo? Ora, o povo!

Como no episódio militar da proclamação da república, apenas contemplava, bestificado, pensando tratar-se de uma parada... Serra e Dilma são chatos de nascença e sem carisma (os debates na TV serão infalíveis soníferos), a debater o sexo dos anjos, porque não podem, não devem, ou não possuem um projeto nacional. A Dilma saiu do colete do Presidente e nunca disputou eleição nem para síndica de prédio. Como disse o “companheiro” Meireles, em Davos, na Suíça, ganhe quem ganhar não se vai mudar muita coisa (e o PMDB, e a eclética “base aliada” estará com quem vencer nas urnas).

E os outros candidatos? Serão meros figurantes, fazendo as vezes de índios em filme de cowboy? Ou será que a História pode mudar com uma peça pregada pelo Senhor da História? A contar com as últimas orações de Brasília... Serra vem para o Galo da Madrugada, atestando que é  um folião nordestino desde criancinha; a Dilma, depois de ter passado por uma Assembleia de Deus, o Senhor do Bonfim e o Círio de Nazaré, vai a uma concentração do “apóstolo” Valdomiro, atestando a sua fé...

Realmente, não vereis país como esse. Estamos condenados a uma eleição de mentirinha, coreográfica, entre o seis e a meia dúzia?

Oremos, vigiemos, votemos e clamemos!

Paripueira (AL), 30 de janeiro de 2010,
 Anno Domini.

+Dom Robinson Cavalcanti, ose
Bispo Diocesano

                                                         REVERENDO SAMPAIO.      

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